terça-feira, 21 de setembro de 2010

E o sistema deu fail


Nunca pensei que uma simples dor-de-ouvido fosse me incomodar tanto. Não, eu não coloquei um celular como alargador (esse tipo de coisa tá mais pra arte da minha priminha A.), mas, na madrugada de sexta para sábado, meu querido ouvidinho resolveu doer. Pior: doer muito.

Para se ter uma idéia, acordei chorando de dor, fazendo o maior rebuliço. Decidi acordar o meu pai, crente que ele resolveria o problema sem atrapalhar o sono reparador da minha mãe, mas, bem, quando eu fui ver, ele já tinha cutucado a minha mãe e informado do problema, anunciando que ia à farmácia (não sei até hoje qual é o trauma que meu pai tem com telefones e delivery).


O lado oculto dos telefones que só meu pai conhece
Tudo bem, o resto da noite até passou tranquilo, tomei paracetamol e dormi. Porém, quando chegou o dia seguinte, o caldo entornou de vez. A dor se tornou mais forte, meu corpo mais fraco, comecei a ver minha vida passar em flashes diante dos meus olhos e... Enfim, minha mãe chegou da academia, viu-me naquele estado e tomou a sábia decisão de me levar ao pronto-socorro.

O cara passando mal e a champs de verde ainda me faz pose...
Chegamos lá e eu vi: tinham umas cinco pessoas na minha frente. Pensei: "OMG OMG OMG EL VOL MORRER E ECE POVAO AI FICA ESTROVANDO MEL CAMINEO!!!11!!11111ONZE!". Minha mamãe, muito jeitosa, foi até o balcão de atendimento, conversou com a mocinha e pediu se eu não podia passar na frente, pois estava com muita dor (e estava mesmo). Não fiquei sabendo imediatamente se tinha dado certo, contudo, fomos para uma ala interior, no intuito de eu não pegar vento frio. Passaram-se uns dez minutos, eu vi um cara que tinha machucado o supercílio em um andaime e teve que fazer uns 500 pontos (brimks, acho que foram uns 5) e tinha chegado de moto no hospital, uma mulher com soro no braço, um chapéu em cima de uma cadeira... Quando ia direcionar minha atenção para um ser que estava fazendo escândalo no início da ala, ouvi uma voz:

_ Lígia Berti Mozena, quem é?

OOOOH!
Sim, era minha vez, e o pedido da minha mãe tinha sido atendido! Fui logo falando, cheia de felicidade "SOL EEL, SOL EEEEEEEEL!" e entrando na sala. Lá dentro, dei de cara com um índio. Sério, aquilo era de fato um índio. Um índio de roupinha de plantonista azul e crocs combinando.

_ Calma aí, vou chamar o cacique.
Depois de recuperada da visão "índio de crocs", o nativo médico começou a fazer perguntas.

Reconstituição da consulta


Médico: Que que cê tem?
Eu: Dor no ouvido.
Médico: Começou quando?
Eu: De madrugada.
Médico: Qual ouvido?
Eu: O direito.
Médico: Deixa eu ver o outro.
Eu: ?
Médico: (examinando o outro ouvido, sem dor) Agora, deixa eu ver o infeccionado.
Eu: (viro)
Médico: Ah, cê tá com uma otite interna-externa média. Vou receitar uns remédios aqui, um anti-inflamatório e um de pingar, pra avaliar a dor...
Mãe: Então, doutor, eu pinguei um remédio pro ouvido que tinha lá em casa, será que não é perigoso pingar outro?
Médico: Eu não sei o que a senhora pingou...
Mãe: Foi um tal de... L., você lembra o nome?
Eu: Não, mãe.
Médico: Então, nem a senhora sabe.
Mãe:

Médico: Bem, também vou receitar um anestésico pro enfermeiro aplicar aqui mesmo.
Mãe: (recompondo-se da tesourada) Escuta, eu coloquei algumas toalhinhas quentes no ouvido dela, é bom ou ruim?
Médico:

Mãe:

(acaba a consulta)

Bem, depois compramos os remédios, mas não adiantou muito, porque até agora estou com o ouvido tapado, mal-estar e audição reduzida (pelo menos por agora). Hoje, fui na especialista e ela disse que o problema é um pouco grave, pois tem a ver com o nariz, com o tempo seco e com mais algumas coisas que eu não peguei muito bem. Resultado: Remédio por 10 dias e viagem para São Paulo em xeque.

Pois é. Meu sistema deu fail. Há, há, há. E a viagem da minha vida pode ir para o ralo. Isso sim que é uma vida pirata.

(me senti fazendo aqueles trocadilhos que os atores fazem com os nomes de novela -dik)