quinta-feira, 24 de março de 2011

Cara pastora da Assembleia de Deus,

Tudo bem com a senhora? Espero que esteja bem, mas não bem de espírito, e sim bem rouca. Isso mesmo. Depois de ficar gritando das dez da manhã até as dez da noite, não poderia estar de outro jeito, poderia?

Noto que domingo foi um dia muito bom para você, para sua igreja e para as criancinhas crentes - que gracinha, não? - e ficaria muito feliz se para mim as 24 horas dominicais tivessem decorrido de forma análoga. Não decorreram. Por quê? Oh, você quer mesmo saber?

Por causa de você. Sim. Se não sabe, sou vizinha da sua igreja evangélica. Moro na casa logo a frente do prédio das suas atividades religiosas. Imagine agora que já está situada a seguinte ocasião: você, esguelando para os meninos e meninas de Deus, e eu, em casa, querendo assistir televisão. O volume está no número quarenta. Não, eu não sou surda. Quem é surda é você. Diga-me uma coisa: você aguenta sua voz estridente em casa depois que participa desses eventos?

Isto não é uma crítica (longe de mim!). Apenas gostaria de dizer algumas verdades que, decerto, a senhora não conhece. Sem mais delongas, vamos à elas.

Primeiro: Deus não tem problema algum de deficiência auditiva. A prova? Você lê a Bíblia, não? Ele não nos fez à sua imagem (imagem dele, não da senhora, pastora) e semelhança? Então. Nós temos dois ouvidos. É certo que alguns possuem problemas de audição (já pensou em fazer uma consulta com um otorrinolaringologista?*), mas Deus, Ele é perfeito. Logo, não é necessário berrar. Ele tudo vê, tudo sabe e tudo ouve (e bem). E se você foi algum dia ao teatro, viu que os atores não precisam de microfone - eles falam em bom tom e o auditório inteiro ouve. Não gritam. Então, se você quiser ser ouvida, vai ser.

Segundo: As crianças modernas não são mais tão inocentes quanto as crianças do seu tempo. Elas sabem atravessar a rua. Não existia a necessidade de fechar a rua com aqueles cavaletes gambetas que algum dos seus fiéis roubou da prefeitura. Eu sei, eu sei, eram muitas, mas os carros, que em sua maioria das vezes têm motoristas competentes e não-barbeiros, não iriam atropelar suas dóceis criaturinhas alienadas. Eles parariam. E se um estivesse em alta velocidade? Querida... Já viu gente andando em alta-velocidade no domingo? Só se for na Fórmula 1 (e olha lá: o Rubinho não é alguém que possamos chamar de rápido...).

Terceiro: Tenho plenos conhecimentos de que domingo é o dia de Deus. E também é o dia em que Deus descansou. Não sei se você já reparou, mas no domingo poucas lojas e serviços ficam disponíveis (só o supermercado, judiando de seus funcionários sem pagar hora extra). Sabe por quê? As pessoas estão descansando, assim como O Criador fez. Nada mais justo: cinco dias e meio trabalhando horas e horas a fio merecem uma boa pausa. E, me diga, como eu, estudante e futura vestibulanda, poderia repousar com a sua gritaria? Se você concluiu que não poderia, acertou, eu não repousei. Você arrancou de mim um direito, o direito de ficar de boa. Segundo Deus, temos que respeitar uns aos outros. Eu lhe respeitei, porém o sentimento não foi recíproco. Evangélica da gema, creio que não é do tipo que desrespeita as leis divinas. É pecado não respeitar.

Sintetizando: peço encarecidamente que evite ficar berrando aos domingos. Desligue as caixas de som, aposente o microfone e esguele só para quem estiver realmente interessado (esse grupo não inclui a vizinhança). Eu, você, a igreja, o mundo, todos nós seremos mais felizes. Até os mini-crentes. Eles vão chegar à adolescência com os ouvidos saudáveis!

Obrigada pela compreensão,
Lígia Berti Mozena - Autora do blog Vida Pirata

P.S.: Se a senhora não quiser compreender minha argumentação, cale a boca, puta arrombada, se não eu chamo a polícia e você vai se ferrar.

terça-feira, 1 de março de 2011

Classificação das Subespécies do 3ºA

▬ WARNING! Isso aqui é uma brincadeira. Se por algum acaso você, que estuda na minha classe, achar que este post é uma indireta à suas capacidades físicas/mentais e ficar com nhé-nhé-nhé, vá tomar bem no meio do seu cu um milk-shake de Ovomaltine. ▬

Observando os aspectos comportamentais e mentais da sala de aula vulgarmente chamada de 3ºA (resultante da junção de antigos 2ºA e 2ºB; não devia ser 3º(A+B)?), pode-se obter uma divisão simples do todo em pequenos grupos de indivíduos com características em comum. Usando-me (com bastante desleixo, eu diria) do conceito biológico de subespécie (porque quem tem raça é cachorro, djow), obtive algumas classificações. São elas:

- Homo sapiens dormitae: São facilmente identificáveis, pois geralmente se encontram de cabeça abaixada e em um silêncio sepulcral, às vezes nem tanto (quando roncam). Famosos por suas frases desconexas quando são acordados por algum professor ou colega desprevenido, dormem deliberadamente por pelo menos ⅓ do dia escolar (a taxa varia de indivíduo para indivíduo). Alguns já foram chamados à coordenação, mas nunca houve nada de grave com nenhum indivíduo dessa subespécie; talvez porque estejam em progressiva extinção (sofreram mutações pelo agente natural "pressão do vestibular").

Homo sapiens dormitae envolvido em sua atividade favorita
- Homo sapiens idiotae: Apesar de pesquisas científicas comprovarem que esta subespécie possui plenas capacidades de articular palavras e frases normalmente, a grande maioria prefere se comunicar por ruídos, assovios e até mesmo por frases sem sentido algum. Costumam ser autores de peripécias estúpidas inimagináveis e trocadilhos engraçados. Por serem os animadores oficiais do ecossistema do terceiro colegial, acabam escapando de punições com estratégias extravagantes ou proteção de terceiros; contudo, como grande parte dos organismos componentes trazem consigo um traço de agressividade progressiva, alguns exageros cometidos não são perdoados, geram advertências, suspensões e, raramente, expulsões. São praticamente imunes às mutações devidas ao vestibular.

Exemplo de uma peripécia de um Homo sapiens idiotae
- Homo sapiens nerdae: Conhecidos por terem inteligência elevada e vida social tendendo à zero, esta subespécie possui humanos ávidos pelo saber, no entanto, longe de perder o BV. Estão sempre cheios de perguntas e fazem questão de responder às perguntas dos professores com excelência sempre que têm oportunidade, mas encontram sérias dificuldades na manutenção da comunicação com outros grupos, o que gera um isolamento dos Homo sapiens nerdae em um pequeno grupo ou até mesmo em um único indivíduo. Nunca vão para a sala da coordenação; se vão, é por algum problema banal como nota do simulado errada. Ficam ainda mais atraídos pelo saber nas épocas pré-vestibular.

Representação de um Homo sapiens nerdae
- Homo sapiens normalidae: A média entre todos as subespécies, os Homo sapiens normalidae geralmente têm vida social razoável, notas regulares e senso de humor regular. Ou seja, nem fede, nem cheira. Ficam um pouco perturbados com as mutações causadas pelo vestibular, alguns mudando até de subespécie, entretanto logo se reajustam à normalidade. Embora pendam para algum dos lados extremos (idiotae ou nerdae), não se adequam completamente; por isso essa classificação.

Homo sapiens normalidae (versão aproximada)
- Homo sapiens trucae: Os seres vivos componentes desta espécie precisam de uma classificação justamente por possuírem hábitos deveras estranhos: realizam rituais envolvendo cartas de baralho e gritos estridentes, sem contar que em suas conversas estão presentes palavras esquisitas, tais como zape. Muitos organismos, antes de outras subespécies, submeteram-se à fatores mutagênicos estranhos e se converteram em Homo sapiens trucae, possivelmente pelo fato de que as pessoas capazes de jogar truco (nome do ritual) são consideradas como humanos de maior prestígio. Pesquisas comprovam que adotar tal carteado não influencia em nada as capacidades do ser; no entanto, este mito é muito acreditado.

Ritual com cartas (truco)
Existem também alguns mistos entre as subespécies (os quais eu não vou listar porque serão muito numerosos) e subespécies a serem classificadas, sem contar que estes seres tão fascinantes podem ser encontrados em outras séries, quem sabe na sua! Se você achar que faltou alguma classificação, me diga, me mande um tweet ou qualquer coisa assim: prometo que na Classificação 2.0 a subespécie estará presente.